Mais de setenta produtores rurais – agricultores familiares, assentados, representantes de cooperativas, quilombolas, entre outros do segmento do agro regional – participaram na última terça-feira, 28/06, da Reunião de Mobilização da Rota da Fruticultura RIDE-DF na Cidade Ocidental.
O encontro aconteceu na sede da AMCO – Amigos da Cidade Ocidental – e contou com a presença, para debater a realidade local e as perspectivas para o setor, do coordenador da Rota, Luiz Curado. O prefeito Fábio Correa fez questão de participar dos trabalhos, bem como Victor Cassimiro, secretário de agricultura; Fernando Pires, assessor da deputada federal Bia Kicis; Rafael Bueno; Clauciene de Oliveira, da Conab –DF; Paulo Paz, subsecretário de agricultura; Maria José, do Sebrae-GO; Ilton Mendes, do Ministério da Agricultura (MAPA/SFA); José Aragão, diretor de agricultura do município; Anderson Luciano, Secretário de Educação; Joaquim Amilton, da Emater; Jonatan Venâncio do SICOOB (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil), além de vereadores e outras autoridades.
Luiz Curado iniciou explicando que a Rota representa uma mudança de mentalidade. Falou não só sobre o funcionamento, mas do futuro do projeto, que inclui planos para instalação de uma central comercializadora, que servirá de apoio primordial para receber, tratar e encaminhar as frutas aos compradores. Ele explicou a importância de se saber a origem e rastreabilidade, assunto que a Rota leva com frequência aos novos participantes e interessados. E comentou a ida, em 2021, de grupo de produtores da Rota ao Projeto Jaíba –MG, para conhecer a dimensão e o profissionalismo do cultivo de banana. O trabalho é uma vitrine nacional ali instalada e abre horizontes para todos os que tomam conhecimento da experiência.
Diagnóstico
O diagnóstico – um levantamento de problemas e possíveis soluções que faz parte do evento – foi coordenado pelo experiente Fernando Rodrigues e equipe (Angélica, Gustavo e Henrique). Nesta oportunidade, foram colhidas muitas informações sobre infraestrutura, produção, crédito e financiamento, num processo em que se escuta o que dizem os presentes, anotando detalhes específicos de cada comunidade
Na ocasião, eles não se acanharam e soltaram o verbo, indicando problemas e gargalos. Tiago Magalhães do sítio JS Magalhães, por exemplo, citou questões relacionadas à outorga e licenciamento ambiental, sobretudo em áreas de preservação. Segundo ele, grande parte das propriedades do Mesquita, localizada na região, não preenche muitos requisitos e, por isso, pediu apoio e providências.
Elvira Palestino, da Associação Riacho Doce, criadora de tilápias e produtora da pimenta gourmet, falou sobre os gargalos do financiamento e a conversa fluiu sobre prazo, documentações, carência, linhas de crédito e excesso de burocracia, além da dificuldade de acesso às propriedades (estradas). Usaram da palavra ainda Mario Benedito, do PA Cunha, e muitos outros, enriquecendo a discussão.
Rafael Bueno discursou com habitual clareza de raciocínio, repassando detalhes importantes na produção de frutas e questões pós-colheita, “as coisas de mercado” segundo ele, fazendo muitos coçarem a cabeça, dando razão aos seus comentários. Enfatizou também a necessidade de união como elemento fundamental para o sucesso do agricultor: “sem união, trabalhando com seus vizinhos e em grupo, será muito difícil vencer.” Também abasteceu todos os presentes com muitas informações sobre o açaí. Aliás, sobre essa fruta amazônica, Rafael explicou seu atual valor e as facilidades da nova variedade fornecida pela Embrapa, que é ideal para o cerrado e terrenos secos e, portanto, “tem tudo para dar certo entre os produtores da nossa região”.
Rafael Bueno destacou a produtividade dos berries e citou diversos exemplos. Chegou a provocar espanto, ao falar sobre o potencial de exportação. E ainda forneceu orientações sobre plantio e manejo, ao citar o exemplo do melhor período para o produtor plantar tomate, que na seca está a 3 reais, e na chuva chega a 10 reais o quilo. Dessa forma, observar o mercado e planejar o cultivo são aspectos a que o produtor pode e deve ficar muito atento.
A troca de informações continuou durante toda a manhã, com a participação dos representantes da Emater-GO, da Conab-DF, do Sebrae e do governo municipal, através da secretaria de agricultura. Quem presenciou pôde entender a importância de cada um na construção desse ciclo, do mais novo polo frutícola do Brasil. Somos todos participantes ativos.